domingo, 30 de outubro de 2011

PRINCÍPIOS BÁSICOS DAS CORRENTES ESTRUTURALISTA, GERATIVISTA E FUNCIONALISTA

Gersely Sales

O estruturalismo é um modo de pensar e analisar as ciências, estabelecendo funções e relações entre elas. No estruturalismo a língua é vista como código, sistema autônomo e social, onde o francês Claude Lévi-Strauss é o seu mais celebrado representante, sendo o principal teórico o suíço Ferdinand Saussure que ampliou os horizontes de estudos linguísticos com o Curso de Linguística Aplicada – 1916, organizado e publicado por seus alunos. Saussure analisou a dimensão social da língua e fez um estudo da Gramática, a Linguística passando assim a ser ciência.
O objetivo deste teórico era estudar aquilo que é comum aos falantes, tendo a língua como sistema e ferramenta. Em suas análises dicotômicas temos: sincronia x diacronia (ex: Metáfora da Árvore) – a diacrônica estuda a língua e suas variações históricas ao decorrer do tempo, enquanto a linguística sincrônica estuda a língua em um momento específico; langue x parole – sendo langue a fala em seu sistema formal e parole o discurso/uso; significante x significado – sendo imagem acústica e conceito, respectivamente, e que juntos formam os signos, cujo estudo denomina-se Semiologia; sintagma x paradigma – combinação (a ordem da estrutura) e seleção (escolha).
A linguística gerativista teve início em 1957, ano em que Noam Chomsky, principal teórico, publicou seu primeiro livro – Sintact Structures (Estruturas sintáticas). O gerativismo opondo-se ao modelo behaviorista de descrever a linguagem, defendia a faculdade da linguagem como inata ao ser humano (genética) cuja morada é a mente. O papel do gerativismo é explicar a natureza e o funcionamento da língua na mente, a competência e o desempenho, visto que todos os falantes têm o agir criativo e capacidade linguística, uma Gramática Universal.
A corrente linguística funcionalista que se opõem aos estruturalistas e gerativistas, estuda os usos que as formas possuem, ou seja, têm a função de promover a interação entre os indivíduos através do uso. Sendo sócio cognitivista, não visa só o social, mas também o cognitivo, considerando o contexto (discurso/uso) e a motivação (uso/influência).
Dentre as diversas teorias que são consideradas funcionalistas, destacam-se a Escola de Praga que enfatizou nos estudos da fonologia; a Escola de Genebra; a Escola de Londres com a teoria de Halliday na década de 70, incluindo as funções dos enunciados e textos.

Algumas considerações sobre sintaxe

Gersely Sales


O trabalho das autoras citadas abaixo, explana uma análise da ordem das sentenças sob a perspectiva formalista (gerativista) e funcionalista. A Gramática descreve sob regras, o modo como as palavras são combinadas nas sentenças dos textos, por exemplo. As abordagens formalista e funcionalista, explicam a possibilidade de pospor ou antepor o sujeito e o complemento numa dada sentença.
Na teoria gerativista, a língua é vista como parte da natureza biológica do ser humano e inata ao mesmo, cuja morada é a sua mente, por isso a abordagem gerativa leva em conta a competência do falante ao organizar estruturalmente os constituintes básicos da sentença; e se porventura a hierarquia de estruturação vier a se desviar, iremos considerá-la uma sentença agramatical.
É na GU (Gramática Universal) em que se destaca o Modelo de Princípios e Parâmetros da teoria chomskyana, cuja ênfase está na sintaxe observando as estruturas sintáticas e suas semelhanças com as outras línguas, utilizando recursos notacionais por representação arbórea e a mudança sintática pela teoria da aquisição.
Segundo essa perspectiva, é no sintagma verbal (SV), mais aprofundamente sintagma flexional (SF), em que se estabelecem as relações entre verbo e os sintagmas nominais (SN) que também podem especificar o (SF) e não só o (SV). Podemos ver assim, que nem sempre a ordem sujeito-verbo-objeto (SVO) é a mais preferida, no português arcaico, por exemplo, há o predomínio do (VSO) e (OVS), por mais que saibamos que o sujeito-verbo-constituinte (SVX) ainda é o mais utilizado.
As possibilidades de estruturação sintática em qualquer língua refletem características semânticas e lógicas, numa relação entre juízos lógicos (tético e categórico) e estrutura sintática. Sendo o juízo tético (simples), o reconhecimento de um evento com seus participantes e o juízo categórico (duplo) uma entidade associado ao predicado.
Na teoria funcionalista, a estrutura é determinada pela função que exerce considerando o contexto e a motivação. Contrapondo-se à análise gerativista, a funcionalista assume a possibilidade de ordenação das sentenças, sem nenhuma hierarquia básica de estruturação, mas com a coexistência de várias construções.
Essa variação explica-se pelas diferentes funções comunicativas que exercem e não apenas como um fenômeno estilístico (enfático). A ordenação dos constituintes das sentenças vai depender do falante e do ouvinte, para provocar alguma mudança nesse conjunto de informações. Dentre os princípios que interagem para ordenar as sentenças destacam-se: a preferência dos constituintes, a tendência que em certas posições estruturais sempre ocorram as mesmas categorias gramaticais, e a tendência da organização frasal da esquerda para a direita de acordo com o grau de complexidade; unindo-as, formam um esquema geral de ordenação. Enfatizando que a análise da língua nesta perspectiva, é o uso, e ele molda a estruturação, que só existe para cumprir funções comunicativas.
Sendo assim, foram explanadas as características da estruturação sintática/formal em cada sistema lingüístico sob a perspectiva formalista/gerativista, compondo uma gramática particular utilizando como base a GU e através do modelo da Gramática Funcional de Dik, mostradas como a abordagem funcionalista vê a linguagem e seu estudo sintático.




Sintaxe (p. 214-239). Sexto capítulo.
MUSSALIM, Fernanda e BENTES, Anna Christina (orgs.). Introdução à linguística: domínio e fronteiras, v. 1 – São Paulo: Cortez, 2001.

EL ACORTAMIENTO DE PALABRAS – APÓCOPE

Artigo apresentado por Gersely Sales, Henrique Bandeira, Jéssica Costa e Thaíris Rayane para avaliação da disciplina: Espanhol 2 – Morfologia pelo docente Juan Pablo.


Resumo

Este trabalho foi feito em tópicos e não como um texto corrido, prática que principalmente em apresentações facilita a abordagem do expositor e a compreensão do expectador.
Na parte inicial, há uma citação de Alberto Miranda acerca do acortamento de palavras, onde o leitor pode se situar de nosso conteúdo através da explicação de um professor de língua espanhola conceituado. A primeira explicação feita fala do abreviamento, explicando o que é e diferenças com outros casos, como apócope.
A seguir, começa-se a falar da abreviação. É justamente neste ponto que a topicalização feita se torna mais visível, pois há quase duas páginas explicando de maneira pontual os tipos de abreviaturas existentes, sendo respectivamente: as simples, as compostas e a complexa.
Ao final, há toda a explicação de apócope, com suas realizações também feitas de forma pontual com exemplos variados.

Resumen

Este trabajo fue hecho en tópicos y no como un texto corrido, práctica que principalmente en presentaciones facilita el abordaje del expositor y la comprensión del espectador/alumno.
En la parte inicial, hay una citación de Alberto Miranda acerca del acortamiento de palabras, donde el lector puede se situar de nuestro contenido a través de la explicación de un profesor de lengua española conceptuado. La primera explicación hecha habla del abreviamiento, explicando lo que es y diferencias que hay con otros casos, como apócope.
A seguir, empezase a hablar de la abreviación. Es justamente en este punto que la “topicalización” hecha se torna más visible, pues hay casi dos páginas explicando de manera puntual los tipos de abreviaturas existentes, respectivamente: las simples, las compuestas y la compleja.
Al final, hay toda la explicación de apócope, con sus realizaciones también hechas de forma puntual con ejemplos variados.


Introducción

El acortamiento de palabras, fenómeno lingüístico natural a la lengua española que ocurre muy frecuentemente en los registros comerciales y en discursos coloquiales, tiene por base la supresión de algún elemento de la palabra, generando categorías léxicas distintas. Esa supresión puede ser hecha tanto por abreviación (también llamada de truncamiento) o por abreviatura.
Es posible hacer solamente la reducción del cuerpo fónico de la palabra o unir sus extremos opuestos. Esta última práctica se llama acronimia. Cuanto a la abreviatura, hay tres tipos existentes: abreviatura simple, abreviatura compuesta y abreviatura compleja.
Presentada las maneras variadas en las cuales el acortamiento de palabras ocurre, vamos a utilizar ejemplos prácticos, con la intención de mostrar el valor que posee este fenómeno lingüístico y su importancia en la vida cotidiana.


EL ACORTAMIENTO DE PALABRAS – APÓCOPE

En su libro La Formación de Palabras en Español, Alberto Miranda toma un texto amplio y con sujeción sobre El acortamiento de las palabras que pueden producirse de diversas maneras y con categorías lexicales distintas. El acortamiento, fenómeno peculiar de los registros comercial, administrativo, coloquial y científico que distinguimos el abreviamiento o truncamiento, la acronimia, abreviatura simple, abreviatura compuesta y abreviatura compleja o sigla.


• Abreviamiento
El abreviamiento, también llamado de truncamiento, se realiza en la reducción del cuerpo fónico de una palabra, en la cual hay pérdida de la sílaba completa. Suele suceder de dos maneras: apócope y aféresis.
Los dos son alteraciones fonéticas o supresiones de fonemas que las palabras sufren cuando la lengua evoluciona. La diferenciación es que en apócope, va a perder uno o más fonemas en el final de la palabra y ya en aféresis, hay pérdida de uno o más fonemas al inicio de la palabra.
Ejemplos: La televisión – tele (apócope)
Telefax – fax (aféresis)

Hay también un tipo especial de abreviamiento, llamado de acronímia, en qué consiste la unión de los extremos opuestos de dos palabras. Son casi inexistentes en el español, y los pocos que aparecen son más de otros idiomas.
Ejemplos: Información automática – informática
Breakfast lunch – brunch


• Abreviaturas
Segundo José Martínez de Sousa “Las abreviaturas son representaciones gráficas de una palabra, o grupo de palabras con menos letras que las corresponden”.
Podemos suprimir cualquier letra de la palabra menos la primera, pues es la clave para identificación del suprimido. Abreviación es conocida desde muy antiguo y durante tiempo se utilizaran diversos signos para señalar lo que era eliminado. Unos de los tipos de abreviaturas son las simples y compuestas.
1. Simple
Son consideradas palabras simple aquellas que abrevian solo una palabra.
Ejemplos: Sr. “señor”
D. “don”
Admón. “Administración”
Dr. “doctor”

2. Compuestas
Son palabras compuestas las que abrevian un grupo de las palabras. Así como las simples suyas escritas son con letras minúsculas y con un ponto detrás de cada uno de sus formantes, mas no es extraño encontrarlas con escrita mayúsculas, por influencia de las siglas y abreviaturas complejas.
Ejemplos: Sr. D. “señor don”
S.M. “su majestad”
b. l. m. “besa la mano”
M.I.C “Muy Ilustre Ciudad”
q. D. g. “que Dios guardes”

3. Abreviatura compleja o sigla
En propia definición de la Real Academia de la Lengua (RAE):
Sigla. (Del lat. sigla, cifras, abreviaturas).
1. f. Palabra formada por el conjunto de letras iniciales de una expresión compleja; p. ej., O(rganización de) N(aciones) U(nidas) = ONU, o(bjeto) v(olante) n(o) i(dentificado) = ovni.
2. f. Cada una de las letras de una sigla (palabra formada por letras iniciales). P. ej., O, N y U son siglas en ONU.
3. f. Cualquier signo que sirve para ahorrar letras o espacio en la escritura.
El rasgo fundamental entre abreviatura simple e compleja es que las siglas se leen como una sola palabra: ONU, y no separadamente “Organización de Naciones Unidas”; y las abreviaturas se leen la palabra completa: a.C. se lee antes de Cristo. Las abreviaturas son consagradas en la lengua, su contenido es explícito, es una secuencia de reducciones gráficas; y las siglas se refieren a los nombres propios, leyéndose sólo su forma, no olvidando que sigla se llama también cada una de las letras que conforman la nueva palabra abreviada.
Muchas de las siglas, aunque no todas, aparecen escritas con letras mayúsculas y generalmente sin puntos ni espacios entre las letras que la forman. Algunas de ellas, como la NATO, se han formado sobre términos extranjeros, North Atlantic Treaty Organization; otras lo han hecho sobre su traducción al castellano, OTAN por Organización del Tratado del Atlántico Norte.
La abreviatura compleja o sigla, se forma mediante la selección de las iniciales de las palabras integrantes de un sintagma denominador.
Frente a otros elementos del lenguaje, la sigla no es arbitraria, sino que, como afirma L. Guilbert (apud MIRANDA) “resulta de la transposición a una forma reducida de la serie de determinaciones que sustenta la unidad sintagmática en su fórmula lexemática; es una reducción gráfica y fonética de una secuencia sintáctica que se considera demasiado larga para poderse utilizar en la comunicación, y a la vez, mantiene la relación gramatical entre los elementos por la referencia a cada componente constitutivo del conjunto.”
La pronunciación es un aspecto importante para las siglas, porque se intenta lograr formaciones de palabras que existan en la lengua y estructura silábica sin dificultad de pronunciación. Puede ocurrir que la secuencia resultante no sea pronunciable, recurriéndose al deletreo de la forma.
Ejemplos: UFPE (impronunciable – deletreo)
ONU (pronunciable)
El género de las siglas se heredan de su caracterización. El número de las siglas suele ser singular.
Ejemplos: el COJO (El Comité Organizador de los Juegos Olímpicos)
la REA (Real Academia de la Lengua)
La lexicalización de las siglas permite la formación de derivados.
Ejemplo: PSOE – pesoísta

4. Apócope
En español algunas palabras cambian, si están delante o después de un sustantivo. Pierden un sonido o una sílaba final de una palabra y eso recibe el nombre de apócope. Esto generalmente ocurre con algunos adverbios y adjetivos cuando están delante de algún sustantivo.

Algunas realizaciones de apócope:
Muy – tan
Son apócopes de mucho y tanto. Son utilizados delante de adjetivos, sustantivos que operan como adjetivos, verbos que funcionan como adjetivos, o de otro adverbio y locuciones adverbiales.
Ejemplos:
Eres muy inteligente. (Adjetivo)
Me siento muy cansado. (Participio con la función de adjetivo)
Escribes muy bien. (Adverbio)
Habló tan rápidamente que apenas lo pude entender. (Adverbio)
¡Me siento tan descompuesta hoy! (Participio con la función de adjetivo)
¡Ese Chico es tan simpático! (adjetivo)

Cuan
Es apócope de cuanto. También es utilizado delante de adjetivos o adverbios.
Ejemplo:
¿Cuán rápido puedes aprender esta lección?

Buen – mal
Son apócopes de bueno y malo. Adjetivos que son apocopados delante de sustantivo masculinos singulares.
Ejemplos:
Tomás es un buen médico.
Mal humor.

Gran – san
Son apócopes de grande e santo. Gran es utilizado delante de sustantivos femeninos o masculinos y la forma apocopada San generalmente en los sustantivos propios masculinos, excepto en: Santo Tomás, Santo Domingo, Santo Tomé, Santo Job, Santo Angel, Santo Dios, Santo Cristo, Santo varón, Santo cielo e Santo ofici; que no son apocopados.
Ejemplos:
¡Gran periódico!
¡San Juan y San Marcos, ayúdame!

No son apocopados ciertos adjetivos en el género femenino.
Ejemplos:
Una buena gente.
Una mala conducta.
La Santa Virgen.
Santa Catalina de Sena.

Un – algún y Primer – ningún
Son apócopes de uno, alguno, primero y ninguno, respectivamente. Pierden la última vocal cuando se anteponen a un sustantivo masculino singular o interpone un adjetivo.
Ejemplos:
Un día bonito.
Algún trabajo.
El primer puesto.
Ningún dinero.

Cien – tercer
Son apócopes de ciento y tercero, respectivamente. Cien utilizado anterior a sustantivos o factores multiplicativos, sin embargo, cuando está seguido de decenas o unidades mantiene su forma. Tercer es utilizado delante de sustantivo masculino singular.
Ejemplos:
Tengo cien mujeres.
El tercer piso.

Postrer – cualquier
Son apócopes de postrero y cualquiera, respectivamente. Postrer es utilizado delante de sustantivo masculino singular y ya cualquier es utilizado delante tanto de sustantivo masculino como también de femenino singular.
Ejemplos:
Postrer mensaje
Para un niño, cualquier escuela es mejor que estar en la calle.



Observaciones finales

La medida en que este trabajo fue hecho, podemos notar lo cuanto el Acortamiento de palabras está siendo usado con frecuencia en nuestro cotidiano, hay aumentado lo uso por ejemplo en grupos sociales o redes sociales más amplias y la medida que aumenta su utilización de uso de palabras reducida el truncamiento vas perdiendo su marcas de indexicalidad, connotaciones específicas. Estructuralmente, es posible la sistematización del proceso diferenciándolo de los demás fenómenos de reducción léxica.
Pero debemos tomar cuidado con el acortamiento. En algunos momentos es necesario la utilización de la palabra completa, podiendo generar muchos errores, por no saber cómo se escribe determinadas palabras cuanto al uso de los acortamientos.


Referencias

Abreviaturas, Acrónimos, Siglas, Símbolos. Accedido in 26 de mayo de 2011, in: http://www.profesorenlinea.cl/castellano/Abreviaturas.htm

BECKER, Idel. Manual de Español. São Paulo: Nobel, 1969.

CUADRADO, Luis Alberto Hernando. Sobre la formación de palabras en español. Accedido in 26 de mayo de 2011, in: http://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/asele/pdf/07/07_0255.pdf, 1996.

GATURRO. Accedido in 26 de Mayo de 2011, in: http://www.gaturro.com/, 2011.

Gramática. Accedido in 02 de Junio de 2011, in: http://eljuego.free.fr/Fichas_gramatica/FG_apocope.htm#21, 2002.

LANE, Jéssica. InfoEscola Navegando e Aprendendo. Accedido in 02 de Junio de 2011, in: http://www.infoescola.com/espanhol/apocope/, 2007.

MASIP, Vicente. Gramática española para brasileños – Fonología y fonética, ortografía, morfosintaxis. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

MIRANDA, José Alberto. La formación de palabras en español. Salamanca: Ediciones Colegio de España, 1994.

SOUZA, José Martínez de. Abreviaciones. Accedido in 28 de mayo de 2011, in: http://www.ops.org.bo/multimedia/cd/2008/SRI_6_2008/recursos/documentos/bibliografia/6_Abreviaciones.pdf

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

CONCEITO DE EDUCAÇÃO

Gersely Sales


A educação é um conceito que vem sendo desenvolvido e discutido ao decorrer dos séculos pela sociedade. A palavra educação vem do latim [educĕre], pronuncia-se [edúcere] do verbo [educare], cujo sentido primordial é “conduzir para fora de”, “trazer à luz a idéia”. Segundo o dicionário Aurélio, “educação é o processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social.” Existem diversas conceituações de educação, embora sua atuação não tenha um sistema rígido a ser seguido, tratando-se de um processo contínuo permanente. Paulo Freire (1996) diz que educação não deve ser uma mera transmissão de conhecimento, mas ter por papel principal, a possibilidade do educando construir o seu próprio conhecimento baseado com o conhecimento que ele trás de seu dia-a-dia familiar.
Há aqueles que compreendem que educação limita-se à sala de aula, cujo detentor do conhecimento é o professor; o que explica o modelo militarista em que se dispõem as cadeiras nas salas de aula (enfileiradas). O professor fica numa posição de destaque passando o conhecimento para os alunos que se supõe não possuir conhecimento.
Esse modo de pensamento tem sido reestruturado e modificado, pois a educação se trata de uma troca de conhecimentos e não se restringe apenas ao ambiente escolar. O início da educação é a familiar e social, ao qual o indivíduo tem o primeiro contato e é considerada a base. “Educação é um processo contínuo que orienta e conduz o indivíduo a novas descobertas a fim de tomar suas próprias decisões, dentro de suas capacidades.” (Kelma Pamplona)

PANORAMA DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO

Gersely Sales


Considerando as formas pedagógicas de alguns pensadores como Comênio, Montaigne, Fenelon, Pestalozzi, Herbart, Dewey, Gramsci, Makarenko, Montessori e Alexandre Neill com suas didáticas, vale apresentar seus contextos históricos e evolução do pensamento ao decorrer dos anos.
Comenius propôs um sistema de ensino articulado, ao qual reconhecia que todos deviam ter acesso ter acesso ao conhecimento, objetivando que os homens fossem cristãos, próximos de Deus, virtuosos e com fé. Sua obra é considerada um paradigma do saber que enfatiza a educação na infância e juventude através da escola. O rigor da escola e a vida órfã de Comênio incentivaram na didática revolucionária para o século XVII.
Michel Eyquem de Montaigne não tem um sistema, é um pensador ético, fazendo indagações sobre o que é correto e incorreto na conduta humana. Abrange diversos assuntos, desde a vida humana cotidiana até a relação do cristianismo e às lutas de religião na França, assim como a destruição das novas índias pelos espanhóis (séc. XVI).
François de Salignac de La Mothe, Duque de Fénelon, dedica-se a escrever o livro De L’education dês filles, destinado a duquesa de Beauviller para orientar na educação de suas filhas. Esse livro obteve grande repercussão e foi alvo de grandes estudos, pela forma simplória e doce. Influenciado pela Igreja Católica e pela Reforma Protestante, escreveu ainda fábulas e outros textos destinados à educação.
Johann Heinrich Pestalozzi conheceu de perto o preconceito e teve que vencê-los. Na invasão francesa da Suíça (1789) reconheceu-se o seu caráter herói com as crianças abandonadas, pois as reuniu num convento abandonado, alimentando-as e educando-as. De forma didática, concentrou seus pensamentos num livro intitulado “Como Gertrudes ensina suas crianças”, dentre outros livros. Criou a teoria dos três estados de desenvolvimento moral (estado natural, social e moral).
Os estudos mais importantes de Johann Friedrich Herbart foram ao campo da filosofia da mente, à qual subordinou suas obras pedagógicas. O filósofo alemão do século XIX inaugurou a análise sistemática da educação e mostrou a importância da psicologia na teorização do ensino. Fundou a pedagogia como disciplina acadêmica e estudou a filosofia do espírito.
John Dewey, a princípio com uma visão neo-hegeliana, adotou um pragmatismo. Para ele era importante a educação não se restringir ao ensino do conhecimento que se acaba, mas um conhecimento contínuo. Suas ideias de educação progressiva foram perseguidas no período da Guerra Fria, quando se preocupavam em uma elite intelectual.
Antonio Gramsci atravessou o pensamento comunista capitalista, indo além dos interesses econômicos e a repressão fascista do século XX. Prezou a capacidade de todos trabalharem o intelectual, sendo o responsável pelo surgimento de uma sociologia crítica da cultura no meio acadêmico e dos partidos políticos, neutralizando as diferenças sociais, fomentando a criatividade, autodisciplina e autonomia.
Anton Makarenko vivenciou a Iª Guerra Mundial e a Revolução Russa, reivindicando a miséria e desigualdade. Colocou em prática uma pedagogia revolucionária no século XX, onde os jovens seguiam regras disciplinares e opinavam em respeitar às regras podendo fazer votação para elegê-las.
Montessori harmonizava a interação de forças corporais e espirituais (método/pedagogia), estudava a individualidade, liberdade e atividade. Inseriu-se no movimento das Escolas Novas, opondo-se ao modelo tradicional.
Alexander Stherland Neill acreditava que a felicidade é fundamental para o desenvolvimento das crianças. Influenciado pelo pós Iª Guerra Mundial, também se opõe ao modelo tradicional de ensino, pois acredita que a criança se priva da liberdade se estiver incluso neste modelo. Defendia um modelo de ensino, onde na fundação Summerhill utilizava suas propostas distintas da hegemonia da época, estimulando os jovens a aprender em um ambiente de liberdade e responsabilidade.

Cotidiano

Despertar.
Caminhar.
C M N A
A I H R.
Seguindo a rotina que cambaleia.
Milhões de palavras.
Ausência de palavras.

Não sei de onde vim,
Sei para onde ir.
Não sei a velocidade,
Sei o caminho.

No destino mediano,
Vidinha normal de protocolada e planilhada,
Emails, debates, embates.
P-R-O-I-B-I-Ç-Ã-O
- Siga a hierarquização, jovem!
- Mas às vezes erram, dizia.
Numa rotina sem rotina.

Falas que mudam.
Autoridades com falas que mudam.
Tudo muda, esse é seu dilema.
De volta,
Só um descanso válido.
Só repousar e esquecer.

Amanhecer.
Despertar.
Caminhar.
C M N A
A I H R.
Seguindo a rotina que cambaleia.

sábado, 8 de outubro de 2011

Comentário sobre o Romanceiro da Inconfidência

Gersely Sales


O Livro o Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles 1953, considerado por muitos uma de suas melhores obras, possui 85 romances além de outros poemas e abarca-se de uma reflexão filosófica inspirada por uma visita que a mesma fez a Minas Gerais, Vila Rica – hoje, Ouro Preto, onde narrava os fatos históricos e nacionais da época da Inconfidência Mineira, considerando o papel social, histórico e as crenças dos povos da região.
Relata o drama na luta pela liberdade contra os poderes dos tiranos no século XVIII, a ganância por ouro, o egoísmo, o poder, a traição de Joaquim Silvério dos Reis, as angústias e principalmente a morte dos inconfidentes, dando ênfase ao martírio e execução de Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes, em 21 de abril de 1792. Na obra, embora, o “histórico” seja bastante citado, Cecília Meireles valida mais os sentimentos e as sensações vividas na revolta, indo além da temática historicista proposta.
A obra lírica que parte de um universo íntimo, no entanto metafônico; levando em conta o épico (narrativo), contando o histórico-social; chega ao dramático contendo as tensões e conflitos, que narra o cenário de derrotados que se transformaram em heróis para o Brasil futuro. Logo, semelhantemente a uma boa obra que contém os três gêneros, o Romanceiro enfatiza o lirismo com características épicas.

Comentário sobre Canto ao homem do povo Charlie Chaplin

Gersely Sales


O texto, Ideologia como forma literária no “Canto ao homem do povo Charlie Chaplin”. Análise de um poema de Carlos Drummond de Andrade; enfatiza o cotidiano de um homem comum, num país qualquer, que deseja apenas uma vida digna. Utilizando-se do personagem Carlitos, Drummond faz uso de um artista que simboliza a resistência ao sofrimento humano, em busca da sobrevivência; fugindo da fome, da brutalidade, da solidão, da insegurança. O modernista mostrou em sua obra um comparativo entre o dia-a-dia banal de uma sociedade e a industrialização dos tempos modernos.
O vagabundo sem família, amigos ou ideais, está sempre no Carpe Diem (do latim que significa "colha o dia" ou "aproveita o momento”, vivendo cada dia como único, e aproveitando-o ao máximo), almejando apenas um lugar pra dormir com segurança, um lar, um alimento, situação esta que é vivenciada todos os dias na inocência frustrada da sociedade convencional.
Na narrativa do poema Canto ao homem do povo Charlie Chaplin, analisando-o estruturalmente, vemos que as cores preto-e-branco / claro-escuro estão bem destacadas na figura de Chaplin, onde assimila a linguagem poética e a cinematográfica que ainda era muda. E sua bengala mágica é utilizada como brinquedo, trazendo lembranças de uma infância que fora desejada, provocando sempre o riso que quebra toda a seriedade dos ambientes formais, contra uma sociedade burocrata e autoritária, organizada economicamente desnivelada.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

TABACARIA (15-1-1928)

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres
Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens.
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira.
Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu ,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo.
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando.
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
0 mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num paço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
0 seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena; Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.

Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
0 dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra ,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou á janela.

0 homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(0 Dono da Tabacaria chegou á porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da tabacaria sorriu.


In Pessoa, F. (1981): Obra Poética, Rio de Janeiro: Ed. Aguilar.

Comentário sobre Tabacaria

Nascido em 13 de Junho de 1888 em Lisboa, o poeta português modernista Fernando António Nogueira Pessoa veio a falecer aos 47 anos, em 30 de Novembro de 1935. Dentre seus heterônimos, o de Álvaro de Campos, futurista, destaca-se com a obra portuguesa mais conhecida, por sua complexidade psicológica, o poemaTabacaria escrito em 1928.
Este retrata a sensação do ser humano que possui a sensibilidade de um bom observador, analisando de forma peculiar e crítica a si mesmo, e a tudo o que está em volta, tentando vivê-las intensamente; os pensamentos que lhe vêm à mente quando se diz respeito à eternidade que se torna cada vez mais próxima do indivíduo; a busca de soluções para problemas complexos, visto que é inato do ser humano a capacidade de construir enunciados solucionando-os.
O poema utiliza de um recurso estilístico, a figura de linguagem chamada oxímoro, que por definição é a “junção de dois enunciados opostos numa única expressão, criando assim, uma nova possibilidade de interpretação”; e este recurso da língua, brinca o jogo do irracional transmitindo seriedade ao leitor.
Dois momentos essenciais valem salientar: o primeiro é a sensação de repugnância irônica de algo que na verdade é desejado, estando assim satirizando a alegria da criança no trecho (¹), quando desejava ter a mesma alegria e naturalidade que ela possuía; o outro momento, no trecho (²), é quando se acende o cigarro, e tudo passa a fluir naturalmente, como um filme da vida real, mas visto em tela gigante como flashs.

(¹)
“(Come chocolates, pequena; Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)”

(²)
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

A metafísica (sentido/finalidade da realidade) e o oxímoro (o contraditório ao seu termo contrário ou os sinônimos usuais em antônimos) presentes em todo o texto são características intrínsecas de Fernando Pessoa, que tem uma arte essencialmente dramática refletindo essa realidade no diálogo interno do autor.